É possível confundir o Mutismo Seletivo com o Autismo?

Segundo a Dra. Alison Wintgens, no livro Tackling Selective Mutism, se for feita uma análise superficial, muitos profissionais podem confundir o Mutismo Seletivo com o Autismo, mas há uma diferença grande entre eles.


A falta de literatura sobre o mutismo seletivo, em contraposição à maior documentação disponível sobre o autismo, colabora para a apresentação de diagnósticos errados. As pessoas ainda não entendem bem o mutismo seletivo, e isso pode acarretar equívocos.


O autismo é uma persistente deficiência da relação social, enquanto que o mutismo seletivo é um problema relativo à ansiedade exatamente no momento da fala.
O que leva à dúvida entre os sintomas dos dois distúrbios são algumas similaridades, quando analisadas de forma superficial.
Abaixo relaciono algumas atitudes que são similares em ambos os problemas:


● Relutância para se comunicar
● Medo de mudanças
● Falta de habilidades sociais
● Perfeccionismo
● Evita o contato olho no olho
● Linguagem corporal


Dependendo do grau, o autista não gosta de se comunicar, não se interessa, independentemente da situação em que ele se encontre. Já o portador de mutismo seletivo se comunica muito bem em casa e talvez até em outras situações, porém, na frente de pessoas desconhecidas, embora ele queira se comunicar, procura evitar ao máximo face à grande ansiedade que sente.


No caso de mudanças na rotina, o autista pode ficar confuso.
Já no portador de mutismo seletivo, mudanças na rotina levam ao aumento da ansiedade, pois significa que situações diferentes podem ocorrer ou ele precisará ter contato com pessoas diferentes.


Os sintomas podem, de maneira superficial e em alguns momentos, parecer iguais, mas as causas e motivos são completamente diferentes.


O importante é notar que no mutismo seletivo, quando a criança está em um ambiente onde se sente confortável, na ausência de ansiedade, todos esses sintomas desaparecem. Portanto, se encontrarmos os meios para diminuir a ansiedade, encontraremos formas para tratar o mutismo seletivo.


No entanto, existem vários casos de autistas que também têm mutismo seletivo (comorbidade) e acredito que muitas das dicas que são compartilhadas neste site e também no meu livro também irão colaborar para esses casos.