Tratamento para Mutismo Seletivo. Parte 1

Mutismo Seletivo
Sim, Existe tratamento especifico para mutismo seletivo

Baseado em pesquisas e livros, chegamos a conclusão que os melhores tratamentos para o mutismo seletivo se baseiam em técnicas cognitivo comportamentais

Todos os tratamentos que comprovadamente ajudam no tratamento do Mutismo Seletivo depende de um grupo multidisciplinar, envolvendo pelo menos o psicólogo, a escola e casa.

Técnicas Comportamentais
Pequenas mudanças causam grandes efeitos
Seguem abaixo algumas mudanças de comportamento, principalmente para serem usadas na escola que podem ajudar a criança a superar o Mutismo Seletivo:

Primeiro e mais importante, tire a pressão sobre a fala da criança, pois quanto mais pressão ela tiver, maior será sua ansiedade;
Não coloque como meta fazer a criança falar, pois ela já sabe falar. O importante aqui é fazer com que ela diminua a sua ansiedade nas atividades da classe;


Todos devem permitir que a criança se comunique não-verbalmente no início, para que depois ela passe a utilizar a comunicação oral;
Pode-se convencionar com ele algum tipo de código ou placa para ações importantes, como por exemplo, ir ao banheiro, hora do lanche, estar com sede, etc. Mostre a placa, mas diga-lhe que, quando se sentir confortável, ele pode falar também;


Se a criança sussurrar, aceite no começo e repita em bom tom, o que ela falou;
Aceite qualquer tipo de comunicação como gestos, placas, ou movimentos da cabeça, até evoluir para sussurros,para depois falar baixo até conseguir falar em tom normal, são ações que facilitam gradativas melhoras, sem maiores traumas. O importante e não regredir. Se ele já faz sussurros, não aceite gestos, ou volte a usar placas, e assim atingir novas etapas gradativamente.

Não faça perguntas diretas, evitando assim contato olho no olho;
Não permita que outros amigos respondam pela criança, pois ela deve responder, mesmo que seja por gestos;
Se possível, coloque a disposição das mesas em forma de pequenos grupos;
Evite deixar a criança em posição central, pois ela sente que todos estão olhando para ela;

Reforce e recompense positivamente interações sociais, faladas ou não;
Encoraje-a, sempre que possível, a fazer pequenas solicitações ou cumprimentos a outras pessoas, tais como pegar ou entregar material fora de sala, chamar ou avisar alguém, etc.;

Incumbir a criança como ajudante para distribuição de material entre os alunos;

Os professores devem, sempre que possível, tentar iniciar conversas fora da presença de outros alunos, devem tentar também não colocar a criança como o centro das atenções;

Não permitir que os demais colegas o insultem, intimidem ou riam dele;
Muitas vezes, a criança começa a falar somente com um amigo da classe, Se isso acontecer, aceite. Não tente ouvir ou mostrar que ouviu a conversa, pois isto pode fazer com que a criança se intimide e pare de falar.
Encoraje a criança a fazer pequenos sons, como por exemplo: ao contar uma história fazer o barulho do trovão e pedir para as crianças fazerem este barulho. No jogo de tabuleiro de escada e escorregador, fazer o barulho da escada (“toc toc toc”) e do escorregador (“chuaaaa”); imitar animais e etc..

Evite fazer perguntas diretas, como: o que é isto no seu desenho? Ao invés disso, simplesmente comente: que desenho lindo, também gosto desta cor, não sei o que é isto, mas parece… será que é mesmo? Converse sem olhar diretamente para o olho da criança, sem esperar uma resposta, e de forma bem pausada, dando a chance da criança falar ou não, se ela quiser, sem nenhuma pressão.

Quando fizer isto, cuidado para não ficar tentando ler a mente, por exemplo, se ela empilhou alguns blocos, não diga: “Que lindo castelo” e sim pense alto: “Gostei dos blocos empilhados desta maneira, o que será que é?”
Se for fazer perguntas, faça perguntas simples, como por exemplo: “Você quer o papel azul ou o amarelo?”,ou uma pergunta fechada: “Qual a cor do papel que você quer?” Espere pelo menos 5 segundos pela resposta. Isto pode parecer muito tempo, mas este tempo serve para a criança enfrentar a ansiedade e responder. Nunca insista para que ela responda.

O que você deve fazer é diminuir a pressão da pergunta. Se fez uma pergunta aberta, deu 5 segundos e ele ainda não respondeu, mude para uma pergunta fechada, e depois para: Sim ou Não.

Outra estratégia se ele não responder é perguntar para ele se ele quer responder depois, e depois de um tempo volte a mesma pergunta para ele, não se esquecendo de agradecer por ele ter respondido.

Se a criança respondeu, não faça festa, mas sim confirme em tom normal: “Você quer a cor azul. Muito obrigada por responder. Estou muito feliz por isto”.


Se a criança somente faz sinais, diga: “Você apontou para a carta X, ótimo. Sua resposta está certa”, ou: “Eu também gosto da carta X”. Confirme e verbalize a resposta dela.

Quando perceber que a criança está angustiada, por precisar comunicar algo, tente ficar sozinha com ela e,sem ninguém por perto, peça para ela falar bem baixinho, pois você não vai contar para ninguém. A vontade de falar a ocorrência pode ser mais forte do que a ansiedade, quando vocês estiverem sozinhos. Este momento pode ser muito importante, para se criar um laço de confiança com a criança, minimizando o MS.

Não use e não deixe ninguém usar expressões nocivas, tais como: “O gato comeu sua língua”, ou: “Ele não sabe falar”, ou: “Ele é muito tímido”, pois isto só aumenta a pressão. Lembre-se que a criança sabe falar, mas somente precisa vencer a ansiedade para tanto.

Se perguntarem para a criança porque ela não fala, a resposta deve ser:”Ela sabe falar e irá falar quando estiver a vontade para falar”.

Você pode responder que a criança fala normalmente com os pais e com ciclano e fulano, e que a criança está cada vez falando com mais pessoas, e que daqui a pouco ela vai estar falando com o todo mundo. É importante que todos saibam que a criança sabe falar.

Promova jogos de imitação, primeiro somente com movimentos, depois com sopro, sons simples, vogais, sílabas, e assim gradativamente. O ideal é fazer isto em pequenos grupos.

Caso estes conselhos não surtam efeito, é hora de partir para algo mais efetivo como a técnica de Sliding in, que irei colocar no meu próximo post

Deixe seu comentário, concorda com as táticas utilizadas, o que mais podemos colocar nesta lista?

18 comentários em “Tratamento para Mutismo Seletivo. Parte 1”

  1. Minha filha tem hoje 12 anos. Mas so descobrimos o Mutismo Seletivo. Em 2009 a maioria dos psicologos nao diagnisticavam e quando faziam sonos dava o diagnostico mas nao os tratamentos. Eu e meu marido fomos nos inventando e errando e acertando. Graças a Deus li este artigo e estou muito feliz!!

  2. Olá Michele, a sua história é igual a de muitas famílias com crianças com Mutismo Seletivo, foi isto que me levou a escrever os livros e a fazer este site. O que eu sugiro é conversar com os psicólogos e pedirem para eles investigarem o que é Mutismo Seletivo. Enquanto isto veja os tratamentos que escrevi no site e converse com a escola.
    Não desanime, Mutismo Seletivo tem um tratamento específico e tem cura.

    Grande abraço,
    Artur Raushen

  3. Olá, minha filha tem 6 anos e está na escola desde que tinha 2 anos e meio. 2019 é o quarto ano dela na escola e ela nunca falou com as professoras e também não fala com os coleguinhas de sala. Por tudo que li a respeito, ela claramente tem Mutismo Seletivo, mas não consigo um dignóstico de um especialista, pois sempre que pergunto se pode ser Mutismo eles desconversam e dizem que é uma “timidez ao extremo”. Eu só fui perceber que tinha algo errado com ela o ano passado, quando a professora pediu para que ela passasse com psicólogo, pois não falava. Como em casa ela fala perfeitamente, não imaginava que o problema era maior. Nos dois primeiros anos na escola (Infantil I e II), as professoras diziam que ela era muito quietinha e a deixavam de lado nas atividades em grupo. No Pré-I, se a professora não pedisse para procurar ajuda para minha filha, eu não iria saber. Sempre achei que ela fosse tímida, pois eu sou também. E ano passado ela passou no psicólogo e não falou nada por um ano. Esse ano ela começou terapia de novo, mas quando falei com esses profissionais e com a pediatra sobre Mutismo, eles responderam de imediato que não era. A impressão que tive é que nunca ouviram falar disso. Pois tudo que já li e tenho lido, seja matérias em português ou inglês, a minha filha tem exatamente Mutismo Seletivo.
    Sinto pelas dificuldades que ela tem na escola, no próximo ano ela vai para 1ª série do ensino fundamental e sei que vou encontrar dificuldades, porque haverá professores que não entenderão o problema que ela possui.
    Ela sempre me diz que não fala porque sente muita vergonha e medo.
    Um problema na escola que já ouvi é a professora dizer “Mãe, ela não quis comer, não quis beber água e nem ir ao banheiro”. Isso num dia inteiro de passeio! Como ela vai pedir? Falta muita sensibilidade dos professores também. Já presenciei a professora pular minha filha, simplesmente porque ela não se posiciona. Muito triste isso.

  4. Olá, eu considero o melhor tratamento, a ajuda de um psicologo que entenda de Mutismo Seletivo, a formação de um grupo de apoio, com o suporte da escola, pais e psicologo. Caso a ansiedade seja muito alta ou a criança não esta tendo progressos então deve ser usado medicamentos para acelerar o progresso.

  5. Meu filho tem 5 anos tem mutismo seletivo transtorno de ansiedade e transtorno de comportamento toma remédio qual melhor tratamento

  6. Olá Cláudia, Mutismo Seletivo tem cura! Mas precisa do tratamento adequado com um psicologo que conheça do assunto.
    Seu filho tem 5 anos, ainda é novo, sendo o tratamento mais fácil para crianças pequenas. Meu conselho, procure um bom psicologo para ter o diagnóstico certo, mas mesmo antes do diagnóstico começa a convidar amiginhos da classe para a sua casa, ou sair junto, tente aumentar a interação do seu filho com outras pessoas, e nunca force ele a falar.
    Grande Abraço
    Artur Raushen

  7. Olá..meu pequeno tem 5 anos mas desde os 3 anos notei que na escola e na rua ele não fala com ninguém ..só fala em casa mesmo e com algumas pessoas que ele já conhece.A psicóloga da escola me chamou pra falar que desconfia que ele possa ter o mutismo seletivo mas está analisando mais e que se for preciso me chamara de novo pra conversar e encaminhar ele para uma psicóloga.. Estou preocupada …Isso tem cura ?Queria muito ajudar meu filho .Como posso ajudar ?

  8. Helen, se desconfia de mutismo seletivo acho legal procurar um psicólogo que entenda do assunto para poder ter o diagnóstico. O que você deve fazer mesmo sem o diagnóstico é conversar na escola para estimular a sua filha a falar, siga os conselhos deste post, pela idade da criança pode ser o suficiente para a melhora do quadro. Tente também marcar encontros com os amiguinhos da classe fora do ambiente escolar.

  9. Minha filha tem 1a8m e está na creche desde os 5m. É um ambiente relativamente familiar. Em casa já fala várias palavras inclusive os nomes dos amigos da escola, coisas que aprende durante o dia porém segundo a professora ela não fala nada em sala, nunca ouviram sua voz. Mas basta sair da sala, ainda no corredor e ela já se comunica comigo. Pode ser MS ou ainda é muito cedo para diagnosticar? Tenho medo de esperar e ser tarde demais.

  10. Ola Ana Paula, sei que é muito complicado, mas a escola é essencial para o tratamento do mutismo seletivo, converse com a escola sobre isto e mostre o meu site para eles. Incentive a sua filha a voltar a sussurrar com você na escola, já é um grande começo.

  11. Meu filho foi diagnosticado com autismo leve .mas não fala na escola em casa e na rua sim faz tratamento com psicóloga desde dos 4 anos sem melhoras

  12. Olá, tudo bem? Meu nome é Ana Paula, tenho uma filha de 9 anos. Ela foi diagnosticada com MS aos 5 mas até agora teve pouca melhora. Trabalho na escola que ela estuda. No ano passado ela começou a sussurrar alguma coisa comigo, mas com os outros não fala nada. Esse ano porém ela está regredindo, se isolando e não sei o que fazer. Pesquisei muito mas não achei quase nada sobre tratamentos, e a escola não dá muita atenção. Poderia me ajudar quanto aos direitos dela na escola?
    Estou preocupada, e não sei o que fazer. Liberaram ela do psicólogo e agora estamos esperando chamar novamente, faz 5anos que ela estuda na mesma escola, e não criou laço com ninguém, nem mesmo as crianças. Me ajude, por favor. ..

  13. Olá Jacqueline, sim o diagnóstico de autismo leve pode demorar mesmo, isto pode ser bem visto no livro “Os gatos nunca mentem sobre o amor” de Jayne Dillon.
    Meu filho teve seletividade alimentar bem acentuada também, mas não é autista. Seu filho fala normalmente em casa? Ele brinca normalmente com os pais e irmãos dentro de casa, mas na escola ele fica mudo? Se sim comece o tratamento para Mutismo Seletivo imediatamente, pois este tipo de tratamento irá beneficiar seu filho mesmo se tiver a possibilidade dele ser autista. Quanto antes iniciar o tratamento para MS mais fácil é de livrar a criança do Mutismo Seletivo

  14. É comum a demora do diagnóstico? Pois meu filho de 5 anos tem todas as características do MS porém a seletividade alimentar é uma característica acentuada tbem. Os especialistas estão avaliando se pode ser autismo de grau leve. Isso me deixa angustiada pra um tratamento mais especifico.

  15. Agradeço as informações colocadas no seu site, estou buscando para auxiliar minha filha, de 3 anos, que desconfio ter o MS. No próximo mês vou procurar um psicologo que possa nos auxiliar com isso.

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